PUFFER JACKET
A Puffer Jacket é aquela jaqueta acolchoada muito comum na moda infantil. Atire a primeira pedra quem não foi uma criança feliz com sua jaqueta fofinha excelente para os dias mais frios e as brincadeiras mais ousadas. Ok. Exagerei no frio e na ousadia. Como boa paulistana, meu contato mais próximo com a neve quando criança era assistindo às reprises de “Esqueceram de Mim”. Mas, de qualquer forma, eu também tinha minha Puffer Jacket. Era vermelha, linda, aconchegante, quentinha e possibilitava que eu fosse mais radical sem maiores danos (será?). Aliás, radical tem tudo a ver com a origem dessa peça. A Puffer Jacket original era conhecida como Skyliner. O modelo foi criado em 1936 e patenteado em 1940 por Eddie Bauer, após passar por uma experiência de “quase-morte” durante uma viagem de pesca, por causa de sua jaqueta de lã que, encharcada, não mais o protegia do frio do inverno de Washington. Bauer conseguiu se salvar e o incidente serviu de inspiração para que criasse uma jaqueta leve, que não absorvesse a umidade, mas que fosse capaz de manter quem a usasse aquecido. O Skyliner era basicamente uma jaqueta com penas de ganso de alta qualidade, revestidas por um tecido acolchoado. A costura espaçada e cruzada em formato de diamante (matelassê) era feita para que a penugem não escapasse, além de bloquear o vento e distribuir uniformemente o calor. As mangas eram forradas de alpaca. Bom, o movimento Cruelty Free ainda não vigorava e, em pouco tempo, os gansos, as alpacas, o matelassê e a criatividade de Bauer transformaram o sobrenome do pequeno lojista de equipamentos para atividades ao ar livre na marca líder em outdoor wear. Em 1954, modelo muito semelhante ao Skyliner foi utilizado como uniforme dos funcionários de uma empresa localizada em Monestier-de-Clermont, nos alpes franceses. A jaqueta acolchoada forrada de plumas era chamada de boîte bleue, na tradução livre “caixa azul”, devido à sua modelagem quadrada e azul. Posteriormente, ficou conhecida como Doudounes, vinculada à marca Moncler (abreviação de Monestier-de-Clermont). Em 1968, a Moncler foi fornecedora oficial de equipamentos esportivos da equipe francesa de esqui alpino, nas Olimpíadas de Inverno. A marca criou um cenário de ostentação em volta dos Doudounes, alçando-os a um status deluxe, com peças vendidas, atualmente, por mais de R$ 10.000,00. No início dos anos 1970, na vibe dos festivais de música longe de casa e das viagens de campismo, norteados pela cultura hippie, Norma Kamali rasgou seu saco de dormir e projetou uma versão mais robusta e oversize do Skyliner, criando o casaco Sleeping Bag, que remarcou o renascimento do modelo. Desde então, as jaquetas Puffer ou Doudounes e o casaco Sleeping Bag estão presentes na moda infantil ou adulta, outdoor wear ou street style. Prêt-à-porter ou haute couture. Falando em alta costura e Doudounes (ou Puffer Jacket), impossível não mencionar a coleção-cápsula do estilista e diretor criativo da Valentino, Pierpaolo Piccioli, em parceria com a modelo etíope Liya Kebede, para o projeto Moncler Genius, em 2019. Piccioli reinventou as Doudounes em vestidos deslumbrantes, dramáticos, disruptivos (e muito 9aconchegantes), acrescentando nas modelagens traços da cultura etíope, notadamente o trabalho dos artesões da marca Lemlem de Liya. Nas redes sociais, há algum tempo, as influencers combinam a Puffer Jacket com leggings, calças skinnies (oi, gringe), saias de alfaiataria e com várias outras peças, em diferentes ocasiões, mostrando como são versáteis as jaquetinhas de gomas. Bolsas e sandálias acolchoadas também brilharam em 2020. Em 2021, projetando-se o cenário pós-pandemia, no apogeu do home office, as criações expostas nos desfiles de moda prestigiaram o conforto, de modo que peças acolchoadas e fofinhas serão vistas nas vitrines, físicas e principalmente virtuais, por muito tempo. Aqui na Buddy, as Puffer Jackets dominam as assinaturas. E ainda você encontra as peças perfeitas para criar aquele look “tá passada?”. Vem ver!